CHUVA NO SÍTIO

O jão-de-barro cisca no esterco e fabrica um tijolinho

P´ra construir sua casa lá no alto do coqueiro.

O butiazeiro, parece que de ciúmes,

solta um cacho de flores antes do tempo.

Bandos de sabiás cantam em sinfonia

nos galhos da pitangueira.

O Bem-te-ví espia tudo,

lá do ninho na copa da espinheira.

A pomba roceira, deu azar; caiu na arapuca!

Mas que sinuca!... Vai servir de jantar.

Chove lá fora!... Chuva fina caladeira...

Como o Bem-te-ví, eu observo tudo

da rede na varanda, tomando meu chimarrão.

Agoa, troco a cuia pelo violão.

Tento "arranhar"... Não sai nada!

Sentindo o cheiro da relva molhada

viajo em pensamentos

pelas estradas da liberdade!...

Em um segundo ultrapasso horizontes...

E me pergunto... Por que?...

Estes momentos não são eternidade?!...

Sítio Chaleira Preta/Viamão/Set-1999

NORBERTO CASTRO
Enviado por NORBERTO CASTRO em 03/07/2009
Reeditado em 23/05/2013
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