O u t o n o

O outono se refaz em mil cores,

em milhões de folhas,

em dias verdes, sem timidez,

como um garoto manhoso e encantado,

a refrescar seus dias

em tardes perfumadas.

A luz do dia traz na bagagem

um obtuso reflexo de alma encoberta,

envolta em raios mais sonolentos

que as estrelas gravam todo o tempo.

Oxigena-se o pulmão da terra

atinado, estonteado, densificado.

Na palidez da lua dormitante,

brada um colossal nevoeiro tormentoso.

O outono é um sonhor austero

a vasculhar entre as rusgas carregadas.

Na parança das horas recolhidas,

a panturra de um velho desdenhoso.

São Paulo, 14 de julho de 2009.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 27/07/2009
Código do texto: T1721570
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