SOL DE MAIO
O sol de maio é tão ingênuo
Que custo a acreditar.
Ele desce arteiro na relva
E se recolhe cedo demais.
(Com certeza desconhece o caminho
Que o faria ficar mais.)
O sol de maio é pouco esquentante
E não dá esperanças ao coração.
Se vai se esconder depois da escada,
Atravessa as janelas lapidadas.
Lança no ar um jeito pueril,
Acanhado como um recado sutil.
As árvores que ainda florescem
O desconhecem e não se atrevem
A fazer algum ruído.
O sol de maio enrubesce,
Fica confinado no canto
De um quarto de fundos
E burla o dia sem ressentimento:
Vai saudoso atrás dos ventos.
São Paulo, 14 de julho de 2009.