As noites da cidade

Não há luzes no firmamento.

Tudo é uma escuridão quieta.

O ser permanece como está.

As ruas desertas a esta hora.

Que horas são?

Que importam as horas?

Os sons todos foram dormir.

É tarde para qualquer coisa.

Passos e respiros suspensos.

Não se ouve a voz do nada.

Como um deslumbrar,

É possível estender a visão

Até as fronteiras luminosas,

As casas nos limites da cidade.

Que horas são?

Que importam os tempos?

As coisas sustentam outras coisas

E as correntes da vida explicam algo:

São cadeias que se movem estáticas,

Do nascer ao pôr da morte.

Quando os ruídos terminam,

Todos se encolhem em si, em seus destinos.

Aí, é quase certo que um amor aconteça.

A cidade em sua morbidez, aquieta-se.

Sonda o deserto das casas,

Os leitos,

Os prefeitos,

As virgens,

Os gemidos.

As coisas entram pela noite,

E tudo toma sua forma,

Com os mistérios da solidão

E seus universos.

Que horas são?

Que importam as eternidades?

Grego
Enviado por Grego em 08/08/2006
Código do texto: T212132