O SUSTO DA NOITE

Aos poucos a voz embargou,

um som não foi ouvido.

E o mundo o seu grito calou

no riso do trovão interrompido.

A noite levantou de sobressalto,

não deixou o silêncio acordar.

Veio de longe aquele aviso

na esperança de um novo olhar.

As voltas do tempo negro

ninguém soube contar bem.

A marcha passou do susto

entre tantas frestas também.

Longe a mensagem continuava

a dançar confusa e solitária.

Atrás das nuvens enfumaçadas

o alívio do suspiro ressoava.

Porto Alegre, 12 de dezembro de 1977.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 30/03/2010
Código do texto: T2167711
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