O SUSTO DA NOITE
Aos poucos a voz embargou,
um som não foi ouvido.
E o mundo o seu grito calou
no riso do trovão interrompido.
A noite levantou de sobressalto,
não deixou o silêncio acordar.
Veio de longe aquele aviso
na esperança de um novo olhar.
As voltas do tempo negro
ninguém soube contar bem.
A marcha passou do susto
entre tantas frestas também.
Longe a mensagem continuava
a dançar confusa e solitária.
Atrás das nuvens enfumaçadas
o alívio do suspiro ressoava.
Porto Alegre, 12 de dezembro de 1977.