Salão de valsa
O antigo salão esconde
As risadas do passado,
Os afagos, os abraços.
Neste salão, agora esquecido,
Poeira e folhas se avolumam
Quando naquela época
O barulho era dos pares.
Moças de um lado,
Rapazes, de outro,
Abaixando a cabeça em honra
Às beldades faceiras.
Ao fundo, uma orquestra
Tocava suavemente a valsa
E o salão em festa vibrava.
Os vestidos eram armados,
De cores encantantes,
E os colarinhos, engomados,
Rapazes de polainas lustradas.
As conversas no saguão,
Os beijos furtivos ao portão.
A valsa ecoando pelos átrios,
Os amigos se encontrando no pátio.
Ah, esse salão, quanta lembrança guarda,
Quantas confissões de amor sussurradas...
Restaram-lhe a escadaria, os belos vitrais,
O rústico portal e as vozes silenciosas.
Hoje ele se esconde furtivo
Entre o arvoredo do bosque.
São Paulo, 15 de abril de 2010.