A fechadura

Fogem névoas visíveis

Pra chegada de uma nova estação

Eu, contemplo inquieta

A chegada da primavera

Ver os bosques verdecentes

As árvores florescentes

O sol generoso

O brilho incandescente

Eu, detrás da fechadura

Uma mera matéria sem rua

Com passos largos

Enxergo os lagos

Com idealismo nos olhos

Percebo as flores neles refletido

Enxergo o mundo

Com olhos profundos

Eu, com passos firmes

Sem sombras de uma vida triste

Contemplo a vida

Os caminhos, as saídas

Mente móvel, ainda que obtusa

Corpo imóvel, ainda que sereno

Sou uma anomalia

Um querer sem agonia

Eu, com piso firme

Aprecio o microcosmo

Percebo a plenitude natural

A reverência de um astral

Eu, aguardo inquieta

De mãos dadas comigo mesma

Nenhuma alguma mudança

Alguma qualquer esperança

Enxergo o desabrocho de uma semente

A concretude de um sonho dormente

Acordado por mim

Sem direito de fim

E agarrada a eles

Concertada pelo espaço

Na somatória de cada passo...

Eu me acho

Fabiana Alcântara
Enviado por Fabiana Alcântara em 10/10/2006
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