MINHA MÃE
Jamais posso esquecer a imagem pura
Daquela mulher, dia após dia, cansada
Pedalando na velha máquina de costura
Ou cortando tecido na tábua tão usada
Jamais posso esquecer aquela candura
Apesar da fadiga da vida tão esforçada
Seu sorriso lindo em rugas de agrura
Semblante tranqüilo, calma disfarçada
Não posso esquecer a reprimenda dura
Seguida de meiga carícia lacrimada
Sua mão, sim, sua mão de seda pura
Seu beijo, ... era mezinha abençoada
Jamais posso esquecer que na noite escura
Meu rosto adormecido beijava desvelada
E eu, sem medo, caía em sonolência segura
Guardado pelo beijo daquela doce fada
Jamais posso esquecer aquela vil fissura
Que sangra em mim desde que foi finada
Mas tenho a certeza que sua alma pura
Sob o manto Divino se encontra confortada