MINHA MÃE

Jamais posso esquecer a imagem pura

Daquela mulher, dia após dia, cansada

Pedalando na velha máquina de costura

Ou cortando tecido na tábua tão usada

Jamais posso esquecer aquela candura

Apesar da fadiga da vida tão esforçada

Seu sorriso lindo em rugas de agrura

Semblante tranqüilo, calma disfarçada

Não posso esquecer a reprimenda dura

Seguida de meiga carícia lacrimada

Sua mão, sim, sua mão de seda pura

Seu beijo, ... era mezinha abençoada

Jamais posso esquecer que na noite escura

Meu rosto adormecido beijava desvelada

E eu, sem medo, caía em sonolência segura

Guardado pelo beijo daquela doce fada

Jamais posso esquecer aquela vil fissura

Que sangra em mim desde que foi finada

Mas tenho a certeza que sua alma pura

Sob o manto Divino se encontra confortada

João Guerreiro
Enviado por João Guerreiro em 16/11/2010
Código do texto: T2617932
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