NOSTALGIA
No escuro da noite passam vaga-lumes
Quais belos e cintilantes néons citadinos
Anunciando doces para os meninos
Ou espetáculos que abafam azedumes
Bem perto, invisível, quacha a perereca
Na noite escura seu cântico é lindo
Melodia simples de compasso infindo
Qual canto metálico de engenhosa boneca
A coruja notívaga espreita a sua presa
Seu piado arrepiante corta a noite
E quando se alimenta o roedor afoite
Vai cair em suas garras, sem defesa
E assim olhando essa majestosa atividade
Que começa quando a noite engole o dia
Eu sinto dentro do peito uma certa nostalgia
Dos tempos em que vivi minha mocidade
E chego até a sentir alguma saudade
Daquele típico cheiro forte de maresia
Que exalava do mar na maré vazia
E atrevido perfumava toda a cidade