NOITE

Noite boa. Noite má. De prazer e dor

De romântica penumbra ou escuro breu

De fugidias musas vendendo amor

Cantigas cantaroladas ferindo Orpheu

Noite dos mil segredos divulgados

Explodindo na média luz de um boteco

Em tom de confidência, desabafados

Por angustiadas gargantas de pileco

Noite de sensuais danças cambaleantes

Da lânguida carícia meiga, enternecida

Declarações de amor, fugazes, ofegantes

Nesse mercado compradas por medida

Noite de milhões de luzes cintilantes

Vagabundos a céu aberto adormecidos

De imaginárias silhuetas horripilantes

De magnatas carentes, empedernidos

Noite de reflexão, temor e desatino

Mil fantasmas em turbilhão chegados

Noite que cumpre o traçado destino

Tétrico e vil refúgio dos desamparados

João Guerreiro
Enviado por João Guerreiro em 21/11/2010
Código do texto: T2627589
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