Mês primeiro

As tardes de janeiro são febris

Pelo calor que queima a alma

Pela boemia que apaga a calma

Um gosto apenas de anis

São românticas pelo vazio

Por olhar as plantas verdes

E ao céu azul serdes

Mais um corpo no estio

São sonhos sussurrados

Em datas sem nenhum deleito

Que sem fé e nem jeito

Carregam muitos anos passados

Tem um quê de temerosas

Lembram chá de maçã

Que tomados de manhã

Fazem à estação tão piedosa

Inconsoláveis vezes

Dormi todas as tardes

Lá fora o sol queimando arde

Para atenuar-se em outros meses

Para descrevê-lo não sou o primeiro

Pois tem majestosas paisagens

E em meus dias acrescenta coragem

Tardes tão lindas de janeiro.