Águas de Janeiro

Cai a gota

Cai a chuva

E nada muda

Quando começa a mudar.

Cai a lágrima

Vem os soluços

Um grito mudo

Se encerra em meu penar.

São as águas

Águas de Janeiro

Essa chuva traz o cheiro

Do que há melhor no ar.

São traiçoeiras

Mesmo quando alivia

Sua força até intimida

Os mais fortes de lutar.

Um só coração

Um antro de sentimentos

Minha coleção de medos

Que trago no altar.

O vidro que embaça

E as escamas dos olhos

Misturam em abrolhos

Quando estou a meditar.