ENLEIO
Tristi vida!...
Tu num ta vêno môço,
Tanta misera in tua vorta?
Tanta criança atoa?
Duente, cum fome, sem ixtudá?
Pois é môço, eu levo cumigo
Esse retrato tristi qui é diferente
maix é a merma disgraça da gente
A merma misera de lá!
Lá, a dô açoita o vento,
O nosso sofrê abafa no ar...
Maix lá, pelo meno nois tem
O mato verde, o rio, o riacho, a fonte...
Os bicho, o céu, a chuva, o só qente...
E a cachaça fresca qui alivia a dô da gente.
E...
Cumo é rúim si vivê na inginorança!
Eu posso vê agora quesses home
O coração num senti, num senti nada, mano!
Eles mata a vida dele e a razão da gente.
Interessante, o patrão, moço, eu num sabia...
O patrão é pulítico...
O patrão moço, é responsave pur tudo isso:
Retrato de misera e crime
De muita dor e sufrimento,
Muita fome e injustiça...
Muitas morte - muitas vida matada mermo!
pobre home,
Tristi vida!...