Momentos
O sino soa devagar para os mortos
Entre a quietude da neblina saudosa
O sino não poupa quem chora
O ar que me aviva é maior que o destino
É a liberdade que nutre meu sono
E o meu sonho ninguém define
É o começo do meu fatigante fim
Perdido entre pensamentos distantes
Aproxima-se o instante súbito
Quase sinto o vento fresco a me asfixiar
Vejo num relance o fio da minha vida
Trazendo em si a leve brisa fria
Aquela mesma velha brisa que me sufoca
Ouço atento a uma harmonia que me faz
Lembrar de tudo que havia me esquecido
Sinto a dor pairando no ambiente
E me vejo de repente sob certo corpo adormecido
(Que estranhamente parece o meu)
Que agora não respira
Ouço vozes que se repetem fazendo eco
A meus pensamentos mais frequentes
Dou uma ultima breve olhada
Enquanto percebo que ao longe
Escuto aquele sino dissonante
Já não há mais dor
Já não há mais sorte
São somente momentos
Que definem tanto a vida quanto a morte.