Consultório

Um quadro de Kandinsky

desafia a gravidade.

A parede,

pálida como papel.

O gesso regular

emoldura a sala.

Aos fundos se vê

uma pitangueira recomeçando.

Traços de primavera

que ainda não chegou.

Luz artificial no teto

- seria desnecessária.

No modernismo urbano,

tornou-se símbolo constante.

Móveis sem cuidado

revestidos de couro preto.

Faltou o canto do sabiá

à procura das pitangas no quintal.

São Paulo, 30 de agosto de 2011.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 30/08/2011
Código do texto: T3191102
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