PAI

Lembro-me da Francisco Holanda, 360.

O cheiro de sinteco está em meu nariz até hoje.

A imagem de um homem sem camisa conversando com os cachorros me acalma.

Quem segura o ciscador de madeira à porta bem na beira da cozinha?

Dele saiam sonhos, sonhos que mudavam o mundo todo dia.

Perto dele estava o menino moreno,

Às vezes, calmo, sereno.

Ele dizia sobre tudo, e o menino acreditava.

Ele é um rei perto de seu povo.

As lembranças da terra do caju amolecem o duro barro do sertão da fronteira com a Bahia.

É lá onde estou.

Ele me dizia que um dia o mundo mudaria.

Que as pessoas não mais devorariam as outras.

“Mas, tenha cuidado! No matagal tem cobras venenosas!”

Quando o menino sorria, ele sorria também.

Quando o menino chorava, ele dizia: Calma, nego veio!

Ele lutou em busca da paz muitos anos.

Encontrou um rosto amigo no meio da massa humana urbana.

Foi morar longe do menino.

Cretino!

Não! Seu nome é Francisco José.

Tenho saudades de seu Pimentel.

Tenha calmo, meu véio!

A gente se encontra no céu.

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 06/10/2011
Código do texto: T3261639
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