A GAIVOTA
Vens de longe, do infinito
e mergulhas como em teu derradeiro ato.
Morres, então, com teu passado irrelatado
e num Dé Jà Vu recorrente, renasces
para novo mergulho, celebrando a vida,
sem que o saibas ou intuas.
De repente - com teu bando
Burundangas!
Cruzas plena alvinegra
o celeste azul, contra o azul
plúmbeo do intenso mar.
E te misturas também
à grei das pedras.
Fugacidade. Cortas o céu
com teu sentido de urgência.
Uns te chamarão de passarinho
em sabida ignorância!
Tamanho “Passarão”!
Competente pescador
que te invejam os pobres
homens, distantes, na areia.
Em geral, teus vôos falam do teu prazer
e de tua precisão concisa.
Teu sobrevôo releva a sedosidade
do mar, que, inda que bravio
é simples cenário para tua beleza.
O peixe – apenas frugal recompensa.