O Dia Lá Fora e a Dor Cá Dentro

Hoje continuei a ver o dia cinzento.

Lá fora continuava a chover

E o frio fazia gelar cada gota de chuva

Que caía desamparadamente no chão

O vento…

Bem, o vento abanava tudo por onde passava,

E levava o que de frágil encontrava.

Levava pelo ar, para longe…

Para bem longe…

Tão longe que seria impossível voltar.

Mas a dor…

Bem, a dor que me consome não conseguiu levar

Passou por ela e como que não a vendo

Ignorou-a…

Deixou-a ficar no sítio onde não faz falta

Onde não é desejada

Muito menos acarinhada.

Ela continua a me abraçar

E a me levar pelo sabor da amargura,

Tirando-me o paladar desta vida...

Que sempre passa por mim e me estende o braço

Para a acompanhar, para com ela lutar…

Mas…

A prisão é sufocante,

Impede-me de tentar,

De me libertar do sofrimento,

Que lentamente se torna desesperante.

O meu dia tornou-se cinzento,

Sombrio e sem uma luz capaz de iluminar

A escuridão que cobriu o alcance da minha visão,

O brilho do meu olhar e que amedrontou a cor do meu coração.

Hoje calmante observo a chuva a cair

E o vento a mudar toda a paisagem,

Dando-lhe uma nova cara, uma nova vida.

E eu…

Eu continuo calmamente a pedir

Que o vento repare em mim,

Que sopre com toda a sua força

E que faça este sentimento de mim se distanciar…

Para bem longe...

Tão longe, que seja impossível voltar.

João Filipe Ferreira
Enviado por João Filipe Ferreira em 22/01/2007
Código do texto: T355426
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