Cai a tarde de outono...
Vejo cinzas nas nuvens que trazem adeus
Vejo clarões que se espelham na lagoa
Enquanto a garoa desce sobre o gramado
Ao longe, muito distante, os pensamentos correm
Com a destreza que a imaginação lhes concede…
Ah, o doce vagar entre o estalo dos galhos
Nesse mesmo instante que se alarga, chega
Uma garça de seu voo ao entardecer
E pousa no parque, por trás de concretos gigantes
Nossa pausa é tão pouca e alucinada
Que esquecemos até que o outono começou,
Que a tarde sobrevoa as ruas intranquilas
Agora ficamos aquietados com a perfeição
Do azul que empalidece e aguarda seu último momento
De presenciar mais um fim de dia…
São Paulo, 21 de março de 2012.