O  CÂNTARO

Empoeirado, abandonado num canto da sala
o velho Cântaro de tantas lembranças.

Parece entender minha tristeza e minha fala,
inseparável companheiro de  minhas andanças.

Debaixo de sol ou chuva eu caminhava,
no cântaro água e sonhos impossíveis.

Sofrimento que ao meu coração era poesia,
em meus sonhos amantes lindos e incríveis.

Nas andanças pelos campos da fazenda,
tive ocoração arrebatado, por alguém irresistível.

 Na senzala aprendeu a ler e escrever o nome,


Um dia de muita chuva, no céu uma cara de notícia ruim, o cântaro derramou suas lágrimas sobre mim.

Meu negro era levado da fazenda para sempre.

Vendido, foi pra lonje dali,  nunca mais nos vimos, uma lágrima  banhou seu rosto, enquanto acenava.

Aos brados dizia o quanto me amava,
implorando aofeitor que não o dexasse ir.



O velho cântaro empoeirado, 
ao ivés de água, é só saudades...