Coerência

Coerência

Devolvam-me as flores

que de me levaram

sem deixar seus odores.

Devolvam-me os sonhos

de repente arrancados

sem nenhum aviso.

Devolvam-me o riso

que de minha face tiraram

em um momento de nostalgia.

Devolvam-me os braços

oculto entre as sombras,

para que não mais abraçasse.

Devolvam-me o amor

levado por uma suave brisa

em um instante de desatenção.

Devolvam-me o carinho

subtraído em meio a madrugada

revestida de mistérios.

Não desejo a enganosa vitória,

nem o que a ilusão anuncia.

Contento-me com o silêncio

dos que aprendem com a derrota.

Devolvam-me tudo o que me foi

abruptamente tirado

sem nenhuma explicação

e só então cobrem de mim

alguma coerência.