Rio vagante
Abaixo, rochas
Vulcânicas, remotas
Tempo longínquo
Aves arriscam o voo
Descendente
Criando vazios
Aproximados do rio
As rochas não mentem
Estão ali há centenas
Anos e anos contados
Diante do espaço
Vagam nuvens
Tão palpáveis e gentis
Encostando o rosto
Bem diante do mato
Vem o turbilhão
Razões e sentimentos trocados
Levam acenos
Lunetas fixas no tripé
Estrelas, milhares e milhares
Incontáveis, intocáveis
Sobressalto das margens
Apertadas entre rochas
Nem o céu conclui
Uma rouquidão do vento
Descamba pelo desfiladeiro
Alguém vê o horizonte
Linhas dançarinas
Cortinas semiabertas
Sonhos relampejam
Cravados entre rochas
Soberano o sol renasce
- arco-íris e árvores,
O rio viaja...
São Paulo, 15 de março de 2013.