UMBROSAS NUVENS EM CORRERIA

Era dia e o sol tímido sorria.

De repente como magia!

Sem entardecer!

Fez-se a noite ainda dia.

Trovões em fúria!

Emudeceu o canto das Cacatuas.

Umbrosas nuvens em correria...

Sem rumo! Desatinadas...

Atropelavam-se perdidas.

Relâmpagos e raios riscavam o céu

O mágico pássaro trovão!

Mergulha das nuvens para a terra.

Eu sem folhas de louro...

Para me proteger da fúria de Zeus

O vento arrogante e frio...

Impiedoso se divertia!

Enquanto as árvores curvadas

Prostravam-se a ele rendiam-se.

A tempestade arrastando tudo

Que encontrava em seu caminho

Gravetos... Folhas... Flores... Ninhos!

E a chuva como um chicote açoitava

Meu corpo encharcado e o asfalto.

Sem saber se eu seguia ou retornava!

No deserto da paisagem assustada!

Parei diante aquela força enfurecida...

Sentindo o cheiro do mato nativo

Da terra molhada!

Olhei para o céu que chorava!

Sequei minhas lágrimas...

Com toda humildade ao Divino clamei!

Sou parte de tua criação!

Seja feita tua vontade!

Rogando à Divina Piedade!

Um profundo silêncio se fez

Abriu-se no céu uma fenda

Um facho de luz clareou a paisagem

Percebi ter vencido a tempestade.