O Farol

Um dia desses voltarei ao farol

Luz da minha infância na ilha

De dias cinzentos sem sol

Apenas binóculos e milhas

Entre as pedras vago em solidão

Comtemplo navios silenciosos ao longe

Que fogem das tempestades de arrastão

Esgueiram-se embaixo da ponte, nas curvas depois do monte

Os rochedos erguem-se imponentes

Os ventos sopram finos uivos

Entre as janelas quebradas impotentes

Folhas voam, caem sobre os negros muros

No crepúsculo aceito acaso

Vejo o sol que míngua no Ocidente

Nos dias a espera do ocaso

Horizonte do poente decadente

Finda o sinal do faroleiro

Amanhece o por do sol tênue

O barco puxa a rede do pesqueiro

A onda traz a praia o peixe

Na manhã que acorda o sonho

Desperto sem nunca haver dormido

A saudade corta o coração tristonho

Da ilha do meu farol perdido.

Um dia desses voltarei ao farol.

Fábio Pirajá
Enviado por Fábio Pirajá em 16/05/2007
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