Praia Verde

Ondas verdes nas copas mansas dos pinheiros, identidade das margens do Mare Nostrum

Ondas e ondas de espuma verde, furta-cores aos beijos do Sol, às sombras do Dia, à Lua doirada da noite estival.

.

E eu sinto nos nervos

um apelo que passa

Não sei donde vem

Mas traz consigo

as longas idades das árvores, dos mares, dos peixes

e das aves que me acordam pela manhã

.

E das areias que me fogem

da popa à ré

.

Na madrugada

saio da tenda a ver a bruma ainda adormecida

E à medida que o Dia acorda

e os pardais tresloucados esvoaçam de ramo a ramo,

sei-me a levitar com as brumas

vendo na minha frente

as setas amorosas emaranhadas, cor de cinza, de caruma

que os Deuses nos enviam

com o sabor salgado das espumas

.

E pergunto, então

se haverá opção

entre ti e mim,

Realidade

e Ficção

.

.

Parque de Campismo da Praia Verde, Agosto de 1976

In:

“Poética 1”, Editorial Minerva, Lisboa, 2012; pág 397

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 21/09/2014
Reeditado em 21/09/2014
Código do texto: T4970070
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