Chuva

Hoje enquanto andava pelas ruelas

No ciclo porco que me tira das trevas

Deixei a noite ir lá pra longe

Deixei-a achar outro amigo

E continuei andando, prosseguindo

Como é meu destino, prosseguindo

Como o seu que ainda sinto, prosseguindo

(trovões ricocheteiam-me)

A chuva, então, começa a cair pelos meus pés

Ela sobe gelada pelas minhas pernas

Passa pelo meu rosto, pelo o passado,

E pela minha história, dilui cada ponto das minhas discórdias.

Desprende a minha vontade de justificativa e me joga na cara:

-Você é responsável pela sua vida.

Então cada seta que foi juntada

Cada afeição desconjurada

Cada culpa mal formada

Cada mal da sempre armada

Cada solidão e desassossego

Cada história sofrendo

Cada drama de paz

Todos vão aos pouco escorrendo, todos deixando são deixados pra trás

Vão todos seguindo seu rumo, cada um pra tua casa

Espraiando como fumaça de fumo

Com a força dessa chuva parada.

Lucas Viana
Enviado por Lucas Viana em 22/11/2014
Reeditado em 22/11/2014
Código do texto: T5044749
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