Chuva
Hoje enquanto andava pelas ruelas
No ciclo porco que me tira das trevas
Deixei a noite ir lá pra longe
Deixei-a achar outro amigo
E continuei andando, prosseguindo
Como é meu destino, prosseguindo
Como o seu que ainda sinto, prosseguindo
(trovões ricocheteiam-me)
A chuva, então, começa a cair pelos meus pés
Ela sobe gelada pelas minhas pernas
Passa pelo meu rosto, pelo o passado,
E pela minha história, dilui cada ponto das minhas discórdias.
Desprende a minha vontade de justificativa e me joga na cara:
-Você é responsável pela sua vida.
Então cada seta que foi juntada
Cada afeição desconjurada
Cada culpa mal formada
Cada mal da sempre armada
Cada solidão e desassossego
Cada história sofrendo
Cada drama de paz
Todos vão aos pouco escorrendo, todos deixando são deixados pra trás
Vão todos seguindo seu rumo, cada um pra tua casa
Espraiando como fumaça de fumo
Com a força dessa chuva parada.