VERSOS SOLTOS, VERSOS MORTOS

Posso não fazer poema

Mas me sinto num dilema

De assim mesmo poemar

E assim mais que de repente

O amor terno aflorar.

Poema não só se faz metrificando

Tampouco se enrolando

Como nos versos de Drummond

Pra pedras no caminho rolando

E a lugar nenhum se chegando.

Faço o poema que quiser

Sem norte, sem sorte e sem rima

Somente para quem estima

O manejar das palavras

Como um espadachim da esgrima.

Sou um nordestinado da sorte

Não temo o fim nem a morte

Nem mesmo com um chicote

Mesmo sendo até um Dom Quixote

Sou um paladino predestinado ao choque.

Mesmo que o mundo acabe em lama

Ao Céu vou subir em chamas

Reluzentes e chocando as brumas

Do amor divino que clama

Por uma alma que ama.

Podem até me escrachar

De mim sequer gostar

Mas jamais deixo de estar

Presente onde o povo ficar

Nem meu terno amor deixar.

Mas se um dia acontecer

De nesta vida perecer

Que seja num entardecer

Com o Sol no ocaso do norte

Sozinho, com lágrimas de dor

Morrendo com muito amor.

E pra você que não me acredita

Que a palavra seja desdita

Mesmo ela estando escrita

Com meu sangue numa cripta

Há de ser uma coisa bonita

Que ao se esvair no Universo

Nunca mais será por alguém vista.

Entretanto nas estrelas

De noites profundas a brilhar

Só quero eu lá estar

Como uma delas a vaguear

Nas infinitas distâncias terra e mar.

JOAQUIM DA TÁVOLA
Enviado por JOAQUIM DA TÁVOLA em 22/12/2014
Código do texto: T5077481
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