Sóbria

Entulhei minha gaveta

Com pedaços de rancores e dores

Foi o que não houve que aconteceu

Tudo que senti dissolveu feito areia ao vento

Quando palavras demoram pra chegar

O melhor remédio é o silêncio

Quando tudo que era limpo

Foi se fazendo sujo

Entulhei meu ego

Com vontade de inchar o seu

Tudo que veio não será como há cinco minutos

Suas flores já estão murchas há dias

A voz é essa

O coração engana a razão

Tanto que quando se vê

O corpo já está tomado

Foi então que eu quis me limpar

Deixar a chuva me lavar

Com o fim de tarde em uma tempestade de verão

Quando quer acalmar o dia quente

Não sei se vou me acostumar com a perda

Já que tudo é mais seguro quando há no que se agarrar

Só que estou tão sóbria agora

Que não quero me viciar

O corpo ainda sente saudades

Os olhos não costumam mentir

Os lábios estão secos

O peito ainda bate fraco

Só que não quero voltar a ser como antes

Dependente de amor pra sobreviver

Com os desejos marejados

Achando que tudo é muito pouco.

Naty Silva
Enviado por Naty Silva em 19/01/2015
Código do texto: T5106821
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