Um tédio de pensamento

No tédio das palavras que não galopam

Apertadas pelo chicote da imaginação

Picadas pelas esporas do pensamento

Espero puras substâncias que dopam

Momentos de puro êxtase e excitação

No já agora, ou dentro de um momento!

Mordaz querer nas longas noites escuras

Cinzento luar, lobos que se silenciam,

Sono ausente nos trabalhos forçados

Ruas vazias, calçadas negras e puras,

Candeeiros apagados que não refletiam,

Cães vadios que ficam apenas deitados!

Raiva aparente na distante vontade,

Pensamento que voa em plena cidade,

Voltas perdidas sem conta aparente,

Longos passeios no quarto ausente,

Insónia forçada no meio de gente,

Distante, cansada, de cama decente,

Tempo perdido pensando em rimas,

Acordado pensando nas últimas,

Palavras que debito sem um sentido

Sentado no nada maltratado juízo,

Martelado ruido de longínquo gizo,

Telefones prementes anafado ruido,

Silencio da noite assim poluído,

Correndo ao leito assim repousar,

Fazer este pensamento assim acabar!

Noites longas, escuras sem fim

Ficar acordado obrigado assim

Trabalho distante, na ignorância da noite

Por ti que dormes ignorando o acoite

No descanso no dia onde não dormia

Pelo ruido que em casa o vizinho fazia

Deitado na cama em dias de sol

Dormir na solidão do gélido lençol,

Que por ti clama na saudade do calor,

No terno feitiço que separa o amor!