Minha Última Morada

Uma casa junto ao mar,
uma mesa encostada na janela,
vejo as flores no meu jardim.
Um papel envelhecido, 
palavras borradas no tempo
esquecido, onde lágrimas cairam.

O barulho do mar,
é o canto que passou.
Ao longe a farola solitária, 
lembra o caminho,
se eu quiser voltar.

Nas mãos, as marcas
cansadas de quem 
tanto escreveu.
Manchas marrons da idade, 
que não se faz esquecer.

Um som longínquo,
da gaivota faminta,
desperta para vida,
ainda viva, grita.

No olhar desverdeado, 
a cor que a esperança, descoloriu.
Porque lágrimas lavam almas, 
e também apagam cores.

Solto minha pena,
olho as flores,
cheiro o mar,
guardo meus amores,
esqueço as dores
já não há o que lembrar
- agora vou descansar.