E POR FALAR EM FOLCLORE
Tece rede com fio, espada em punho na luta imaginária de quixotes tupiniquins, que na sequencia de seus sonhares são coroados em reinados e impérios imaginários. Crê-se que a força maior impera nas mãos de quem abençoa através de suas invocações, que para uns é feitiço, para outros a cura de quem reza um pedido, ou até um susto aos desavisados que sequer suspeitam fazerem parte da crença popular. O ato de fé é indefinido e não é setorial, pois presente está no ritual de cada direcionamento dado pelo ser ou no coletivo que de uma comunidade.
Joga rede no rio, sapeca o milho o fogo, guarda o cordão umbilical do filho, gradua-se doutores, que ouvem, que tocam na alma e ao som de um instrumento que adentra dentro daquele que há de ser curado, pois presente está no ritual de cada nativo a vontade de perpetuar o que trouxe de seus pais e avós.
Recolhe a rede no barco, cuscuz na panela, raspa de resto de bolo de fubá à lambida na colher de pau, e o rio entrando e saindo de piracemas que redobram o real sentido de sobrevivência de tudo o que faz parte da cultura local e que muitas vezes sequer notamos.
Pendura a rede no gancho, cantoria nos pousos do divino, dançantes criaturas que saboreiam nos corpos os doce movimento que dá vida à arte, rodopios, desvios, promessas de continuidade daquilo tudo que vem de tempo remoto, adapta-se feito mistura de arroz com feijão no prato fundo de louça lascada pelo uso.