Malgrado

Eu não gostaria de ser um obstáculo na vida de ninguém, jamais.

Eu não me sentiria mesmo bem se soubesse que sou um fardo pesado.

Se eu não puder ser a saída, ou quem sabe a veia de escape;

Se eu não for a leveza de uma prazerosa relação

Também não serei o momento de importunação.

Para tanto faço me valer das palavras que sejam como colírio para olhos cansados, e música suave para ouvidos entediados.

Não tenho a capacidade de adivinhar pensamentos nem desvendar sentimentos, mas tenho a sensibilidade de perceber numa expressão facial ou na ausência de uma atenção informal se sou bem-vindo ou não. Se eu não puder ser o abraço caloroso da chegada, também não serei o aceno malgrado da despedida. Eu simplesmente desconverso, faço de conta que nunca proferi um verso e me dou por inexistente no seu universo.

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 03/07/2015
Código do texto: T5297972
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