Casa de Vidro

Eu sei.

Tenho que ser forte

E tenho que ter coragem

Eu preciso te esquecer.

Mas como esquecer o que quero tanto lembrar?

Como esquecer o que está na minha pele, nos meus olhos

Entre os meus cabelos

A lembrança que sufoca os meus dias

E até no silêncio grita e extravasa todo desejo?

E eu me calo, emudecida pelo medo do fracassar.

Teu perfume, quase inócuo insiste em exalar

Um amor quase sóbrio e vadio

Sem casa, sem sonhos, rouco e vazio.

Um amor sem porém, entretanto, contudo

Apenas mais e mais e mais e mais...

Sim, as interjeições já se esgotaram

E as explicações já se cansaram

Sobrou apenas uma canção

Uma saudade vazia, uma rosa

Quem nem sei se ainda a guardas.

E de todos os retratos rasgados, cartas apagadas

Lágrimas sufocadas, mentiras mascaradas,

Gritos mudos, dedos marcados, torpor

Sobrou apenas mais um poema de amor

E eu queria tanto que pudesse lê-lo.

Isis
Enviado por Isis em 14/07/2007
Código do texto: T564991