dez do seis
seis e quarenta e quatro da manhã:
os fiapos de sol que se espreguiçam pela brecha da janela
vêm ao meu encontro
falta um minuto para o celular alarmar
quando desperto de súbito - que falta de sorte a minha!
sento na cama
e lembro por alguns segundos da noite passada
- será que fora sonho?
esfrego os olhos e vou embora sem dar satisfações
meus silêncios ainda descansam desarrumados
sob você
- então é isso?
você me diz
- é assim que tudo vai acabar?
a hora passa e ainda estou preso à porta
ao atravessá-la não terá volta
eu sei
me pego impaciente olhando teus olhos vermelhos
sendo a única coisa que desejo é te abraçar e dizer que tá tudo bem
mas sabemos que não está
que nada ficará bem depois qu’eu atravessar o portão
- eu não passo de mais um dos teus depósitos de porra e poesia, né?
a garganta me suga a palavra – covarde!
meu ônibus surge no fim da rua
sabemos que é hora de ir
- vá!
eu hesito
mas no fim das contas eu vou embora
porque sempre vou
mesmo quando não quero ir - desculpe!
ouço o treque da chave
não olho para trás
não volto
não te peço desculpas
apenas me acomodo entre pessoas estranhas
que sentem o meu cheiro forte
sem saber que é o seu que está ali
o mesmo que ainda vai ficar por muito tempo
vestido em mim
seis e quarenta e quatro da manhã:
os fiapos de sol que se espreguiçam pela brecha da janela
vêm ao meu encontro
falta um minuto para o celular alarmar
quando desperto de súbito – que falta de sorte a minha!
sento na cama
e lembro por alguns segundos da noite passada
– será que fora sonho?
esfrego os olhos e vou embora sem dar satisfações
meus silêncios ainda descansam desarrumados
sob você
– então é isso?
você me diz
– é assim que tudo vai acabar?
a hora passa e ainda estou preso à porta
ao atravessá-la não terá volta
eu sei
me pego impaciente olhando teus olhos vermelhos
sendo a única coisa que desejo é te abraçar e dizer que tá tudo bem
mas sabemos que não está
que nada ficará bem depois qu’eu atravessar o portão
– eu não passo de mais um dos teus depósitos de porra e poesia, né?
a garganta me suga a palavra – covarde!
meu ônibus surge no fim da rua
sabemos que é hora de ir
– vá!
eu hesito
mas no fim das contas eu vou embora
porque sempre vou
mesmo quando não quero ir - desculpe!
ouço o treque da chave
não olho para trás
não volto
não te peço desculpas
apenas me acomodo entre pessoas estranhas
que sentem o meu cheiro forte
sem saber que é o seu que está ali
o mesmo que ainda vai ficar por muito tempo
vestido em mim
– adeus