CHORUME
as veias da cidade estão expostas
e as ruas sofrem de enxaqueca
o grito de misericórdia vem debaixo do viaduto
mas eu não ouço
caminho feito andarilho em direção aos bueiros
meu ego tem gosto de esgoto
baratas e ratos e urubus aproximam-se de cada som
que morre após o abandono da boca
minha natal tem cheiro de chorume
sou pólvora
e a inutileza é a maior arma de minha poesia morta