CHORUME

as veias da cidade estão expostas

e as ruas sofrem de enxaqueca

o grito de misericórdia vem debaixo do viaduto

mas eu não ouço

caminho feito andarilho em direção aos bueiros

meu ego tem gosto de esgoto

baratas e ratos e urubus aproximam-se de cada som

que morre após o abandono da boca

minha natal tem cheiro de chorume

sou pólvora

e a inutileza é a maior arma de minha poesia morta

Gonzaga Neto
Enviado por Gonzaga Neto em 01/08/2016
Reeditado em 03/08/2016
Código do texto: T5715707
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.