do nove

minhas descargas se fixam em reflexos da multidão vazia

a mão frenética do pai

desenha as mentiras sacanas que gostaria de ouvir das amantes

que nunca foram assumidas verdadeiramente

o sorriso falsifica a angústia que banha a cerne da obra prima

e ali a certeza de sua burguesia escrota

afinal, o que merdas estou fazendo aqui?

ele pensa

a fome de rua lhe trás lágrimas ao centro de equilíbrio

fez-se presente a estrutura sólida

mas nem isso foi capaz de impedir o salto rumo ao balde vazio

(acabou!)

o riso estranho se fecha

e finalmente

estou livre de mim

Gonzaga Neto
Enviado por Gonzaga Neto em 10/09/2016
Reeditado em 11/09/2016
Código do texto: T5756157
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