TEMPO
Acho que brinquei demais.
Quando ele passava, lento,
em nenhum momento,
tinha tempo pra lembrar.
Nem sei se era, realmente, o tempo
que me fazia sonhar.
Fiz tudo errado.
Amei e chorei, por erro
no modo de amar.
Sempre me diminuí
para alguém poder somar.
O tempo passava,
mas, o que era o tempo?
Eu não me preocupava.
Hoje ele passa depressa.
Que desventura é essa?
Já levou meu amor.
minha energia e vigor.
Como um vendaval.
passa por minha janela, entreaberta.
Quer levar meu sorriso.
De sobra, deixa a tristeza.
Só que, ao levar a alegria,
no alaranjado do dia,
se deparou com a poesia.
E, antes que venha
o temido escuro da noite,
que, sem dúvida,
é o seu pior açoite,
em seu trajeto diverso,
me cubro com o escudo do meu verso.