ÁGUA

Água barrenta, correndo no rio caudaloso,

Ressoando, sempre ressoando,

Levando seu ruído ao interior da floresta.

Nas margens do rio,

Onde árvores florescem,

E pássaros cantam,

E feras grunhem,

Um velho pescador

(As faces marcados pelo tempo)

Atira às águas um anzol,

E, ilusoriamente, aguarda,

E durante horas ele aguarda

A incauta mordida de um peixe.

O vento que sopra,

E seus alvos cabelos espalha,

Assobiando, assobiando,

Ressonando na vastidão.

Água revolta, sempre agitada,

Que esbraveja e se quebra

Nas rochas cheias de limo.

Água sempre e sempre correndo

Pelo sem-fim do rio desconhecido,

Atravessando vales e planícies,

Enveredando-se por todos os lugares,

Indo se perder no oceano,

No longínquo oceano,

Revolto de mistério e fascínio.

Água, benfazeja e vital,

Água, berço primordial da vida,

Água deusa,

Água essência,

Água sempre revolta,

Sempre agitada,

Barrenta,

Correndo no leito do rio.