SUSPIRO QUE CALA

Percebo minha respiração diferente

Meu peito sobe e desce em profundo suspiro

Como que invadido por forte cansaço

Parece pouco o ar que do mundo respiro

Sinto que algo explode em mim

É a força de um renascer

Como a semente em um jardim

Rompendo a casca de si mesma

Abro os olhos em direção aos céus

Como janelas da minh’alma

Da verdade descobrindo o véu

Para um estado de sublime calma

Uma estranha sensação de amor

Como se a palavra pulasse rápido

Do coração a garganta sem dor

Da vontade ao verbo, assim direto

Mas a consciência comanda a fala

E não sai da minha voz nem um sopro

A frase na boca se cala

Tudo se retém no corpo

Nesse último suspiro consigo

O eu te amo prender

À tempo de evitar o perigo

De por amor morrer

O cinza não chega ao preto

E eu continuo a viver

Da forma como hoje existo

No meu caminho sem me perder...