Guarda(dor)

Eu tento não fechar os olhos

tento não adormecer

tento não deixar que o sono

adormeça o sentimento

tento não deixar morrer

Luto contra mim mesma

sou gladiadora nessa arena

e esse pobre músculo cansado

que pulsa sem razão de ser

banhado no vermelho intenso

das tantas batalhas travadas

insiste em adoecer

teima em adormecer

sangra até, quem sabe...

estancar

supreender

e sobreviver.

Sobreviver às ausências

as perdas

as dores

às espadas empunhadas

aos tantos vilipendiadores

aos nobres valores

aos velhos amores

aos tantos, e tantos

e tantos temores...

Sobreviver a si mesmo

sempre tão aparvalhado

tão ensimesmado

incapaz de discernir

entre certo e errado

pobre, leso, tosco

bobo sem corte

palhaço sem tenda

conto sem fada

Pobre dono de nada

nem do nobre sentimento

que ele apenas guarda.

Monica San
Enviado por Monica San em 16/04/2008
Código do texto: T948146
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