Soturno

Há dias que não amanhece em mim

há dias que a vida vestiu-se de noite

e repete todos os dias o mesmo espetáculo

e eu, em meio à essa trama soturna, divago

Divago entre brumas escuras que me encobrem

vago entre sombras neuróticas que me cercam

vascilo, por vezes diante do medo que permeia

oscilo entre o eco dorido dos gritos e uivos

e a sensualidade das sombras que me seduzem

Sou muitas vezes dor, solidão e medo

Outras tantas, valentia, ousadia, segredos

sou amante indolente, sou leoa faminta

infante inconsequente, poeta em tormenta

sou a própria incerteza da vida

Sou nesse espetáculo absurdo

a interrogação, o grito mudo

Que retumba e ecoa profundo...

Que os aplausos me valham

que as cortinas descerrem

e as vestes negras declinem

que o Sol se compadeça

e que eu, atriz de mim mesma

novamente amanheça!

Monica San
Enviado por Monica San em 16/04/2008
Código do texto: T948149
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