Suave Maio

Deixa maio desatar seus cantos

Em flor, suspirar a doce aragem

Peregrina, pelos castelos dos encantos

Nos albergues segredados da ramagem

Esquecer-se longamente aos raios

Mansos da harpa do poente terno

Entre as copas de verdores derramada

Em tremular de pombas quietas

Dolentes fragmentos de asas

Que sonorizam pelo ermo

O ar em torno apaziguado.

A última estrela suspira o canto

Prelúdio das veludosas noites

Onde a lua alerta os desmaios

Os suspiros de amor da madrugada

Oh deixa a lua sonhar seu canto

Entre o verdor das intimas ramadas

Quando a negra serenata do encanto

Dorme ao relento e segreda a alvorada

Dos íntimos presságios e misteriosos lidos

Continentes da longa treva enamorada

A longa noite transfigurada.

Deixa maio constelar de encantos

A face de suspiros iluminada

E deslizar a horda de seus cantos

Pela boca de luares delicada

Maio é o dançarino em flama enfeitiçada

Roça suavemente os rosais do alento

Bóia leve na hora apaixonada.