Maria, Maria
 
 
 Caminham leves pelo mundo
num andar vestido de pureza
ou, vagam solitárias no submundo
Marias consumindo sua grandeza.
São tantas, que por vezes perdidas,
passam em tamanha mansuetude
 e por ninguém são percebidas,
enquanto a lágrima rola em quietude.
 
Existem as Marias do Parto
que nem sempre dão à luz.
qual a Virgem Maria santificada,
Mãe do humilde homem Jesus.
Marias da Silva, do Rosário,
que só resistem tecendo preces
tentando aliviar o peso da cruz!
 
Maria das Dores, Dolores,
pintando estranhas aquarelas
com gotas escuras de dores.
Maria macia, fêmea faceira e sensual
deixando correr solto o desejo
da sua paixão latente, animal;
cobrindo seu macho de beijos
e fazendo do amor, um imutável ritual.
 
Maria sem sobrenome, que vive na rua,
desafortunada, sem eira nem beira,
que na noite sombria e calada vende a carne
e de dia, do espelho se esgueira.
Maria Felicidade, pelo desamor escondida,
espancada, traída, abandonada...
Não consegue encarar o olhar das crias
e vive só, sofrendo... lambendo as feridas!
 
Maria, Maria, mulher-alma
que nunca foi inteiramente entendida,
mas abraça com garra sua dura jornada
e percorre altiva a contramão da vida,
sonhando ainda  em ser amada...
 
08/03/2009

Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 12/03/2009
Reeditado em 20/10/2009
Código do texto: T1483180