Hiroshima e o Lírio
Este mundo Hiroshima.
Qual seis tristes décadas atrás
Se espanta que de cima
Algo um sonido faz
Este mundo rodeado
De murmúrios e pesares
Não entende que a morte
Ainda vem dos altos ares.
Sob a face de desamor
Em um ausente abraçar
Uma bomba tão terrível
Prestes está em desabar
Hoje quietas praças e lojas
Não palavras nem dizeres
Este clarão que se arroja
Exibindo seus poderes
Rodeia-nos a sombra
crescendo ao próxima estar
O cheiro de morte assombra
Não há como se ausentar
Intolerância e descrença
Crescem lentas e furiosas
Grita alto em sua ofensa
Uma Hiroshima silenciosa
O orgulho é como alvo
Para a bomba que de lá vem
Não há como estar salvo
Só quem ao refúgio tem
O refúgio é estreito
Mas está em todo o lugar
E não entra quem despeita
Nem quem em si mesmo pode habitar.
O refúgio é uma Rosa
Que nasce mesmo em dias de guerra
O Anti-cogumelo da morte
O Lírio dos Vales veio à Terra