TEMPO DE NATAL

A chuva lá fora

Cai assim, intermitente...

E eu aqui dentro confesso,

Começo a ficar contente...

O cheiro do doce de figo,

Um odor tão natural.

Antigo lar, primeiro abrigo:

Pais, amor angelical...

O corre-corre gostoso,

Presentes, cartões, coquetéis...

Festas lindas, formaturas,

Nas roupas mil carretéis!

E a chuva vai transformando,

O calor tão sufocante...

Como vara de condão,

Torna tudo refrescante!

Misturados passado e presente,

Recordações naturais...

Meu tio trazia contente,

Cerejas, nozes sem iguais!

Sentimentos e ações,

Razões, ilusões...tudo junto!

A matrícula das crianças,

Nas provas finais, o adjunto...

Vou tentando organizar,

Com carinho estes momentos.

Não esquecendo Jesus,

Nascendo amor, sentimentos...

Este ano, Mestre Adorado,

Pretendo me antecipar...

Encontrar bastante tempo,

Pra somente te louvar!

Já comprei tantos cartões...

Escolhi as roupas novas...

Comprei zíper e botões...

Acabaram -se as provas...

E para comemorar

O Teu lindo aniversário,

Penso então em preparar,

Um presépio bem lendário!

Jesus, Maria e José...

Os magos do Oriente...

Animais e ali de pé

Um anjo feliz, reluzente!

...e minhas expectativas foram confirmadas, o Natal, as

festas de fim de ano estiveram perfeitas, mas de todas as

imagens que gravei, em minha memória a mais interessante,

foi a colação de grau da Faculdade de Farmácia de Ribeirão

Preto (USP), da qual minha sobrinha tomava parte: preso ao

teto estava um grande pano amarelo, no final da cerimônia sol-

taram-no e uma chuva de balões amarelos tomou conta do

salão. Sobre o pano amarelo, uma enorme serpente estampa-

da...Enrolada no cálice; ela nos sorria*, pareceu-me que se

sentia feliz por poder doar seu veneno àqueles e outros tantos

farmacêuticos e bioquímicos, para que transformassem-no em

bálsamo, em medicamentos, salvando assim a humanidade.

Era janeiro de 1998.

O tempo então passou, dez anos exatamente, e me vi nova-

mente no mesmo local, na mesma cerimônia; é que minha fi-

lha escolheu a mesma faculdade, o mesmo curso.

E aquele sorriso novamente se abriu...

Chorei....

*A cor amarela e a serpente enrolada em um cálice, são símbo-

los da Faculdade de Farmácia.

Adria Comparini
Enviado por Adria Comparini em 25/10/2009
Reeditado em 26/10/2009
Código do texto: T1886560
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.