ROMARIA
 
Pelo asfalto interminável e aquecido
sob o implacável Sol do meio-dia
seguem pés e cruzes de madeira
na solidão dos fiéis em romaria.
O vento que traz a fuligem e o pó,
mistura-se ao suor frio e encardido.
Há sorte esperada em todo nó
dos terços de cada olhar perdido.
 O destino é  apenas a incerteza
nessas mãos enlaçadas a rezar,
  e  a imagem carregada de beleza
é a prece implícita nesse  altar.
Que destino é esse almejado,
se no percurso da longa travessia
a morte espreita a  cada um
dos devotos da santa, em romaria?
Haverá esperança em cada pedra,
se a vida é andar sem paradeiro
sonhando com o pão e a agua doce
e     ter  a terra própria como esteio?
As cantigas evocam Aparecida,
senhora que habita o Santuário,  
no coração de cada alma bendita
e nas orações próprias de sacrário.
Há uma mãe que habita todo homem
que protege a prole e abençoa a lida,
longe é lugar que não existe
aos que tem fé na senhora Aparecida.
E seguem os pés feridos, em procissão
carregando a cruz que nos foi dada:
a vida é só uma longa romaria
pelas veredas dessa imensa estrada. 
 
MARCIA TIGANI_ 12/10/2011

MARCIA TIGANI
Enviado por MARCIA TIGANI em 12/10/2011
Reeditado em 11/10/2014
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