Poemas da Meninada – (Ilda Maria Costa Brasil) – Postagem Comemorativa de Nº 2500


           Tenho acompanhado, faz algum tempo, o trabalho excelente da Poetisa Ilda Maria Costa Brasil, tanto como excelente escritora, que ela é, quanto, da divulgação que ela faz do trabalho poético de jovens escritores em sua página. Pensando nisso, pedi a D. Ilda, que me enviasse alguns textos dessa galerinha talentosa para eu poder marcar como postagem comemorativa de Nº 2500 aqui no Recanto das Letras... 
          Todos são Membros Acadêmicos da Academia de Letras Machado de Assis, fundada em 17 de dezembro de 2009, registrada em 2010, com o objetivo de incentivar a leitura, a escrita e demais artes. Eles realizam dois eventos ao ano. Tem como Presidente, a jovem Maria de Lourdes Schenini Rossi Machado, com 24 anos.
          O trabalho, que eles realizam tem sido muito importante à meninada. Parabéns a Ilda pelo incentivo, aos garotos e a também Maria de Lourdes por este lindo trabalho. Dessa vez, não tem Fábio Brandão nessa postagem, o espaço é de vocês... Meus Parabéns, um abraço e felicidades...



Vamos aos textos:

VOZES

Júlia de Rossi – 14 anos

Minhas vozes de fora
São como uma pessoa normal
Mas as vozes que gritam dentro de mim
Podem estar passando mal

Preciso de um caderno de capa preta
Preciso liberar o que há dentro de mim
Preciso libertar a verdade
Libertar os monstros que gritam em busca de liberdade

Meu coração é negro
Está acorrentado
Onde estão as sete chaves
Para destrancar cada cadeado?

Estou quase morta por completo
A voz do meu interior
Quero que ela se cale
Agora sei que a minha pior dor
É gerada pelo meus mais sombrios pensamentos


SAUDADE

Marina Solé Pagot – 18 anos

O maior desafio do ser humano
é entender que saudade
não é uma despedida,
mas um até logo.

A dor no peito,
e a ansiedade pungente,
e o choro angustiado,
são um breve purgatório.

Porque a saudade
é só um instante entre
uma lágrima de tristeza
e uma de felicidade.

Ela não é a certeza de que
dois corações não existirão mais juntos,
mas de que estes, mesmo distantes,
batem na mesma cadência.

Esperando apenas que
o maestro da vida os una,
uma vez mais,
para uma orquestra magnífica.


NOSSOS DIAS

Rafaela Pedron Carobin – 13 anos

Que nossos dias sejam feitos
de construir amores;
conversar com passageiros
de nossas vidas,
fugir dos conselhos sensatos
e arriscar novos sabores.

Morremos, lentamente, quando nossos dias,
viram hábitos e evitamos arriscar,
pois o brilho de nossos olhos dizem
que a vida vale a pena... que vale apostar.
Este brilho é feito de coragem,
e não de uma alma pequena.

Morre lentamente quem não questiona,
quem não percebe que nossos dias
exigem mais feitos que simplesmente respirar.
Esta felicidade se encontra ao longo da estrada
e não no destino.

Que em nossos dias,
evitemos desejos de males alheios;
falta de legitimidade e egoísmo sem igual.


CORPOS NATURAIS

Danieli Mützenberg – 20 anos

Vozes vazias
Sem entonação
Corações sombrios
Sem emoção,

Mentes de cópia,
Que usam espelhos,
Destroem segredos;
Culminam na escuridão.

Vidas amorfas
Largadas apenas.
Quisera haver sorte
Para matar essa dor.

Dedos que costuram a palma da mão
Ao destino sem rumo,
Sem reflexão.

Sozinho na noite,
Na praia lotada;
Companhia inexistente,
Apenas ilusão.

Solidão persistente,
Que preenche vazios,
Dos dias de ressaca e
Dos dias de frio.

Logo que tudo termina,
Nada há de lembrar-se
Pois, quem só vive,
Só há de perdurar.


HORAS DEPOIS DO PÔR DO SOL

Helena Felden – 15 anos

O sol se põe.
A luz vermelha alaranjada
bate em sua silhueta,
em seu rosto,
destaca-se alguns fios de cabelos
bagunçados.
Podemos fingir
que isso vai durar para sempre?
Sei que vou estragar esta noite;
vou sentir sua falta.
Já sinto,
talvez você também sinta minha falta.


LÁGRIMA (AEIOU Poético)

Júlia Silva Luiz – 16 anos

A noite cai e, com ela, minha solidão
Escorre, sem cessar, invadindo meu coração.
Impetuosa como o luar,
Ouço de meus próprios batimentos,
Um grunido de lamentos.

Impossível não chorar!


GRANDES ENIGMAS

Maria Antônia Nascimento Pinto – 16 anos

Sentimentos guardados,
Esperando
Serem liberados.

Nos momentos compartilhados,
Aninhado os deixo
Para serem libertados.

Na sua presença,
Sinto a diferença
A razão pede licença,
O sentimento chega como sentença.

Enfim, entendo:
O amor crescendo
E com a minha cabeça mexendo
E os pensamentos subvertendo.


ROTINA

Maria Kaliandra Camboim Diemer – 14 anos

Ela acorda todos os dias às seis horas.
Toma banho gelado, para o sono ir embora.
Faz o café de sempre.
Porque o dia é curto, apressa-se.
Coloca batom vermelho.
Os joelhos doloridos e as mãos com bolhas.
Mesmo assim, enfrenta mais um dia.
Três filhos para alimentar.
Então, logo se empolga,
Pois tem alguém com quem conversar.
Do marido, não teve mais notícias.
Perdeu-se no mundo dos vícios.
Sonha em dar um futuro melhor para os filhos.
Para isto, precisa ralar.
Mesmo com a realidade, manchas no rosto,
Espinhas, unhas por fazer,
Somente seu sorriso permanece.
Parece outra mulher. Que mulher, hein?
Sai do trabalho e sabe que amanhã terá mais.
Entretanto, é na companhia da prole que encontra a paz.


VESTÍGIOS DA SOLIDÃO

Francisco Weiler de Jesus – 13 anos

Aqui, presente estou,
Dependurado sobre esta solidão
Engajando o forte pensamento,
De momentos difíceis, momentos de tensão.

Sobre o mar de águas cristalinas,
Extraviado neste curso solitário,
Onde toda felicidade encontra-se
Presa dentro desse relicário.

O que fica desta solidão?
Contemplo as estrelas para achar vestígios.
Vejo apenas caminhos de felicidade
Que estão sempre em litígios.

O sol não sai; não se põe.
É rotineira a tristeza e a escuridão.
Como posso agir para acabar
Com toda essa solidão.

Sempre existe luz;
O caminho é traçado continuamente
E a escuridão precisa se retirar
Nem que seja temporariamente.

O sol, enfim, raiou.
A felicidade pedia passagem.
A solidão então se foi,
Eu fiquei no fundo, ela ficou na margem.


CONHECER-TE (DALANGOLA)

Alan Przestrzeleniec Krasner – 16 anos

Prazer e alegria ao conhecê-la.
Pressentimento bom senti quando a vi;
Princípio que me fez sermos mais que amigos;
Profundo foi o laço que aflorou.
Prudentes fomos ao nos unirmos.


TRANSPASSANDO EMOÇÕES (RONDEL)

Gusttavo Dias Bandeira Berleze – 16 anos

É impossível descrever o que sinto.
Embora meu coração anseie para se expressar.
Quando te vejo, inexplicáveis emoções invadem meu ser;
Tomam conta de minha lucidez e alma.

Bêbado de um sentimento em comum,
Admiro-te com alegria, oh, minha musa!
É impossível descrever o que sinto,
Embora meu coração anseie para se expressar.

Mergulhei muito fundo
Em sentimentos desconhecidos para mim,
Em meu coração, aflorou um desejo profundo;
Um êxtase amoroso sem fim.
É impossível descrever o que sinto.


OLHARES

Lucas Delgado Zeni – 15 anos

Quando nossos olhos se encontraram,
Soube que algo a mais pairava nos ares.
Várias vozes que se acumularam;
Silenciaram este, entre outros pares.

No vazio bar em que nos encontrávamos,
Destacou-se teu sorriso perdido.
Será que de fato nos aclamávamos?
Indaguei, já me sentindo abatido.

Conversa fluía, risos nasciam
E tu fugias do real apodrecido,
Deixando-me, porque te seduziam.

Confuso neste dislate ridículo,
Teus olhos a dúvida matariam,
Mesmo sútil, teu amor acumulo.


CAMINHO (RONDEL)

Felipe Dias Bandeira Berleze – 16 anos

Com os pés descalços, vou caminhando.
O vento levando-te ao mar,
Marcando a areia por onde ando.
À beira do mar é onde vou estar.

Descobrindo meu caminho, venho a pensar,
Sem saber direito onde estou indo.
Com os pés descalços, vou caminhando.
O vento levando-te ao mar.

A praia mudando junto com a lua,
Iluminando teus passos pela areia,
Percorrendo pela noite como fosse tua;
Sentimento que não para mesmo quando tu freias.
Com os pés descalços, vou caminhando.


A TEMPESTADE

Guilherme Valim de Souza – 15 anos

Dos ventos norte
Vem à chuva
No litoral
Um mar furioso

O quebrar das ondas
Do ruidoso mar
De mágoas afogadas

O clima fechado
Indica a tempestade
Sob um sol
Que talvez não volte a brilhar


NOITE...

Rafael dos Santos Lopes – 16 anos

Ao cair da noite,
sentimentos embaralham-se,
causando confusões
em meus pensamentos.

Verdades se sobressaem,
devastando mentiras;
outrora, vivenciadas por mim,
e, hoje, vinculadas à minha pessoa.

Relembro momentos antigos,
quando o silêncio fazia-me refletir
e, as tristezas, eu escondia

Esforcei-me por uma solução,
na busca por um mundo novo;
à procura de meu próprio eu.


Fábio Brandão
Enviado por Fábio Brandão em 26/06/2020
Reeditado em 26/06/2020
Código do texto: T6988302
Classificação de conteúdo: seguro
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