MEU JEITO
Inefável é o poeta,
com seu texto malicioso.
Tomo um gole de letras - fico bêbada de poesia,
giro o mundo em um segundo,
reconquisto meus interesses utópicos,
faço melodias sem rumos traçados.
Diminuo a escrita do meu estoque verbal,
só para caber no seu papel sem cor,
infernizo meus poemas sem histórias
e industrializo meus prantos.
Mas há quem queira enxugar.
Então concluo versos esporádicos,
uma jactância que tenho sobre o meu presente,
agrupo estrelas nos meus sóis,
uma resolução normalizada temporária,
alucinada pela minha emoçao equivalente
à senilidade das minhas razões.
Passo a senha - uma sensaçao numérica,
sepulto ilusões sem sequência
um reembolso do meu passado já esquecido
renovo minhas imagens transcendentais,
uma fantasia do apocalipse.
Meu apogeu reflexivo - minha âncora.
Fito minha cabala - encontro de dois olhares
o meu olhar - expressivo e sedutor
com o meu eu interior e sensual,
sequestro as letras do alfabeto,
só para compor esse texto sinuoso.
Silenciosa acredito na sincronia diferente de escrever
faço fórmulas com as sílabas geométricas,
uma ciência para compor estrofes,
improvisada e selecionada - um tanto complexa,
pela ocasião em que estou.
Atravesso sentimentos no inverso da vida,
uma fuga contraditória que me mantém
atarefada em fabricar emoções.
soraia