A POESIA DA MANHÃ

por Regilene Rodrigues Neves

Pouco atrás do dia

Vinha o sol

Correndo atrás da manhã

Jogava raios de luz

Por cima da montanha

Enquanto lá no horizonte

Sorria a felicidade

Nos lábios do infinito...

Correndo descalça

A liberdade

Rodopiava sobre a terra

Feito bailarina dançando pra vida!

No jardim

O beija-flor sugava néctar da flor

Feito beijo apaixonado de um romântico

Cheio de encantamento e prazer...

Da janela do casebre feliz

Ouvia-se uma composição plácida de pardais

Nos galhos da gameleira

Sussurrando juras de amor

Num ato disseminado de pura beleza.

A intensidade da natureza

Vibrava em raios de esperança

Pulsando sua energia sobre a terra...

A paz intrínseca no universo

Tornava imperceptível

A balbúrdia do homem

Dentro dos arranha-céus

Vestido de vidros fumê.

Momentos únicos eram perdidos

Na ansiedade de construir sonhos...

Dentro de um túnel fechado

De ambição

Não ouviam a poesia

Gritando nos arredores do amanhecer...

Esbarravam-se na pressa de ter

Esquecendo que ser

Era o bem maior conquistado!

Por todo lado ouvia-se gritos de solidão

Sem chão o homem procurava desesperadamente

Preencher um vazio surdo no peito

A alma não mais parecia estar ali

Ouvindo sentimentos

Aquelas emoções soltas lá fora

Eram vistas de uma sombra

Que sobrepunha entre a distância

Criada pela vaidade...

Quanto tempo não sai a pé pelas ruas

Sentindo o vento solto no rosto

Ouvindo a liberdade

Abraçando simplicidades

Tomando banho de chuva na alma

Lavando lágrimas escorridas

De noites cheias de solidão?

Por vezes é necessário escutar o coração

Deixar entrar fantasias...

Ouvir a felicidade!

Deitar no colo da alma

Sentir sensibilidades

Inspirar e respirar emoção

Porque se o homem vira só razão

Há de perder a leveza do ser

Sorrindo na poesia

Vista em cada amanhecer...

Em 07 de dezembro de 2009