UM COLIBRÍ
Despertei com o cheiro da terra molhada
A chuva lavava a vidraça, a calçada
Folhas molhadas voavam
Não ouvia-se o canto dos pássaros
Só o uivo forte do vento.
A solidão doeu
Abrí minha janela
Buscando a chuva meu rosto tocar
Admirar este dia, também belo
Estava aconchegada em meu castelo
Molhei minhas mãos em concha
E nelas pousou um colibrí
Bebeu água, parecia assustado
Batia asas apressado
Eu então lhe sorrí
Acho que entendeu
Que seguro alí estava
Faceiro sobrevoou meu leito
Como se fosse sua casa
Alimentou-se na rosa do jarro
Pousou novamente em minhas mãos
Em despedida pairou no ar
E voou em busca dos seus.
Na janela a observar
Uma lágrima de meus olhos rolou
Pensei solidão jamais
Somente observar a chuva
Aspirar seu cheiro
E sentir-me em paz.
O belo colibrí deu-me a paz!